23 dezembro 2007

Tony Blair converte-se ao catolicismo

A Igreja Católica na Inglaterra confirmou oficialmente a conversão ao catolicismo do antigo primeiro-misnitro britânico, Tony Blair, acontecimento recebido com satisfação pelo Vaticano.

“Os católicos ficam sempre satisfeitos por acolherem na sua comunidade quem quer que tenha feito um caminho sério, de reflexão, para o catolicismo”, referiu à AFLP o director dos serviços de informação do Vaticano, Pe. Federico Lombardi.


A entrada de Blair, de 54 anos, na “plena comunhão da Igreja” foi anunciada esta Sexta-feira pela arquidiocese de Westminster. O Cardeal Murphy O’Connor mostrou-se “muito feliz” por acolher o actual representante do Quarteto para o Médio Oriente.


A nota oficial da arquidiocese britânica precisa que Blair “participou regularmente, durante muito tempo, na Missa com a sua família e nos últimos meses seguiu um programa de formação para preparar a sua entrada na comunhão plena” com a Igreja Católica.


in Agencia Ecclesia

05 dezembro 2007

SERÁ NECESSÁRIO RECICLAR O NATAL

Nos tempos em que a ecologia é um tema fundamental para a sobrevivência da vida animal e vegetal, também se necessita cada vez mais reciclar os comportamentos, os ideais e, sobretudo, a mentalidade humana. Mas neste texto, a época natalícia é o único alvo de reflexão.
Para toda a comunidade cristã, o Natal é a solenidade que celebra o nascimento de Jesus Cristo. Ainda sendo uma festa cristã, é encarado universalmente como o dia dedicado à família, à paz, à fraternidade e à solidariedade entre os homens.
A significação da palavra indica-nos muitas vezes o verdadeiro sentido da palavra. Assim, o vocábulo “Natal” nas línguas latinas deriva de “Natividade”, natividade esta que representa o nascimento de Jesus. No mesmo sentido, a palavra inglesa “Christmas” significa, literalmente, “Missa de Cristo”; “Weihnachtem”, termo alemão utilizado nesta época designa “Noite Bendita”.
A história da humanidade revela que esta festa era celebrada em Roma no ano 336 d.C. pois até aí o cristianismo primitivo dedicava-se a celebrar apenas a Paixão e Morte de Jesus, isto porque não era hábito comemorar os aniversários natalícios. No século IV o Papa Libério instituiu oficialmente o dia 25 de Dezembro para a celebração do Natal.
Durante muito tempo, o Natal não fugiu do seu sentido sendo celebrado como uma data de extrema importância, era a data em que se celebrava a vinda do Messias que veio viver entre os homens para os salvar de todo o mal e de todo o pecado. Infelizmente, nos últimos tempos o Natal foi um motor para transformar o mercado consumidor. Os meios de comunicação servem-se desta época para, através do marketing, angariar dinheiro das marcas; nos locais de venda, alimentos são substituídos por brinquedos; as crianças, não sendo responsáveis nem auto-sustentáveis, são o verdadeiro alvo das vendas, o principal consumista; o sujeito da celebração, o menino Jesus, foi substituído por uma personagem vestida de vermelho e barba branca, o pai-Natal.
A deformação natalícia é visível cada vez mais. O presépio, criado por S. Francisco de Assis em 1223, com a Sagrada Família e dois animaizinhos foi trocado pelo presépio consumista, isto é, uma casa com um velhinho vestido de vermelho sentado num cadeirão à porta de, observando os embrulhos que o envolvem para distribuir pelas crianças bem comportadas.
Não estará sendo, também, esta personagem alvo de deterioração significativa? Não era apenas uma personagem distribuidora de presentes? Não será agora um objecto utilizado pelas famílias, para esconder a incapacidade de educar as crianças sem qualquer tipo de interesses? Não estaremos a criar negociadores infantis?
Penso que é urgente reciclar o Natal, voltar ao seu verdadeiro significado. Porém, para começar este processo de reciclagem é necessário uma peça-chave: mudança de mentalidade da sociedade.
Seremos capazes de reciclar o Natal?

28 novembro 2007

Breve comentário sobre o ministério de Leitor

Leitor (Do latim Lector: aquele que lê) é um membro da Igreja Católica instituído para o ministério que lhe é próprio, o qual é fazer a leitura da Palavra de Deus, na assembleia litúrgica. E assim, tanto na missa, como nos outros actos sagrados, é o responsável por proferir as leituras da Sagrada Escritura, excepto o Evangelho e, ainda, as lições da Liturgia das Horas. Ademais, é-lhe conferida a missão especial,dentro do povo de Deus, de instruir na fé crianças e adultos, para receberem dignamente os sacramentos. O Cerimonial dos Bispos traz cerimónia própria para a instituição deste ministério e ressalta que: "pode ser conferido a fiéis leigos, homens, não se considerando reservado unicamente aos candidatos ao sacramento da Ordem".

Advento: Origem

A primeira referência ao "Tempo do Advento" é encontrada na Espanha, quando no ano 380, o Sínodo de Saragossa prescreveu uma preparação de três semanas para a Epifania, data em que, antigamente, também se celebrava o Natal. Na França, Perpétuo, bispo de Tours, instituiu seis semanas de preparação para o Natal e, em Roma, o Sacramentário Gelasiano cita o Advento no fim do século V.
Há relatos de que o Advento começou a ser vivido entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como preparação para a festa do Natal.
No final do século IV na Gália (atual França) e na Espanha, tinha caráter ascético com jejum, abstinência e duração de 6 semanas como na Quaresma (quaresma de S. Martinho). Este caráter ascético para a preparação do Natal se devia à preparação dos catecumenos para o batismo na festa da Epifania.
Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passou a ser celebrado durante 5 domingos.
Só mais tarde é que o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. A Igreja entendeu que não podia celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica.
Surgido na Igreja Católica, este tempo passou também para as igrejas reformadas, em particular à Anglicana, à Luterana, e à Metodista, dentre várias outras. A igreja Ortodoxa tem um período de quarenta dias de jejum em preparação ao Natal.

15 maio 2007

Oração


A oração é um dos pilares fundamentais para o sustento da fé. A banalização desta mesma poderá ser a consequência da deficiência vocacional. Cada vez mais é urgente a humanidade especializar-se na arte da oração. Orar é parte da ligação com o Divino; obstruir esta ligação é afastar-se de Deus e, deste modo, Deus "morrerá" em cada um de nós como planta que se deixa de regar. Oração é fonte de fé, é pedra basilar em que assenta cada crente.
Rezar é deixar Deus comunicar-se, pois ninguém pode afirmar quem é Deus senão Ele próprio. No acto de orar, o amor é a chave de ligação que abre o diálogo. Porém, não existe amor fora de uma mesma história e, neste sentido, o orar deve ser um caminho a percorrer quotidianamente para que o amor entre o eu e o Tu amadureça e resplandeça. Assim a oração será sempre uma expressão de quem não se cansa de procurar, de investir confiança num Ser a quem totalmente se entrega.
A verdade é o fruto que brota da relação estabelecida na oração entre o homem e Deus. Contudo, o quotidiano, preenchido pela confusão, pela poluição e pelas guerras, é um véu que encobre o verdadeiro ser de cada homem. O mundo está sedento de homens e mulheres que com os seus desejos que com os seus desejos e seus objectivos cresçam e vivam em perfeita harmonia, longe de guerras, hipocrisias, mentiras...A verdadeira função da humanidade é colocar-se diante da verdade. Actualmente o Homem cessou esta procura, ocupando-se por caminhos supérfluos que o conduzem ao caos.
Consentir é um predicado que pouco se utiliza. O consentimento para o homem contemporâneo é algo que custa a realizar porque a humildade, a inter-ajuda são características quase extintas. Contudo, a vida é muito mais consentimento do que escolha. Consentir é libertar-se ao jeito de Cristo, livre para se entregar, para amar, para dar a vida pelos outros.
Ontem, hoje e sempre o homem é um viandante em busca de Deus, o que implica um crescimento interior, purificador e difícil. A humanidade precisa de retirar-se para que possa olhar o seu íntimo como as brasas que estão por baixo de cinzas e ordem sem se ver a olhos desatento; a oração é o melhor e o essencial instrumento para o êxito da reflexão, do retirar-se para dentro de si. Orar é reflectir, deixar falar, deixar-se (re)descobrir

William Shakespeare - Aprender a Viver

O Sentido da Vida





18 abril 2007

Ir a Taizé...


A vida é uma constante de encontros e desencontros. Porém, é necessário, cada vez mais, criar caminhos convidativos ao encontro do próprio eu e de todos outros que continuamente nos rodeiam. Muitas vezes, a solução é clara mas o homem possui em si a complexidade que lhe dificulta, em diversas ocasiões, a descoberta do simples.
Taizé! Desconhecido para alguns, essencial para outros. É interessante como o incógnito pode ser fulcral para o ser humano. Neste sentido, Taizé procura ser o tesouro escondido que contém a solução de qualquer problema.
Taizé é, na realidade, sinónimo de encontro, reflexão, tranquilidade, paz, comunhão, fraternidade… É a paragem onde o encontro reflecte sobre o desencontro, onde se projectam futuros, onde se dissipam dúvidas descobrindo certezas… enfim um verdadeiro tesouro ao alcance de qualquer um.
Também eu achei esta preciosidade na procura de respostas, de partilha e, sobretudo, de meditação interior pois a vida da nossa sociedade leva cada vez mais o homem a perder o sentido da sua vida.
Desvendei que é na diferença que está o complemento. Infelizmente, a aldeia global em que habitamos interpreta a diferença como uma cisão, uma guerra, por outras palavras, uma situação em que o tu ofende o eu; Taizé revela que a diferença é um bom caminho para o entendimento, é na diversidade que domicilia a comunhão.
Afirmava um célebre poeta espanhol “caminheiro não há caminho, há caminho caminhando” e, nesta linha, eu como um constante viandante peregrinei até Taizé, no qual bebi da fonte da comunhão, do silêncio e, sobretudo, da oração.

17 abril 2007


"Jesus Cristo mostra-nos como a verdade do amor sabe transfigurar inclusive o mistério sombrio da morte na luz radiante da ressurreição"
Papa Bento XVI

Tributo


Ir a Taizé significa partir ao encontro de respostas e de recolhimento. Apesar destes serem objectivos primordiais, tive a sorte de criar laços de amizade, comungar das opiniões e tradições dos que comigo viveram esta semana. Ao grupo de amigos portugueses que comigo viajaram o meu muito obrigado; a todos os que conheci: TEAM CLEAN, o meu pequeno grupo de reflexão, outras amizades feitas, o meu grande tributo por tudo o que me ensinaram e pela oportunidade de estabelecer laços de amizade!

To go the Taizé means to leave to the meeting of answers and collect. Despite these being objectives primordial, I had the luck to create friendship bows, to share of the opinions and traditions of that with me they had lived this week. To the group of Portuguese friends who with me had travelled obliged mine very; to all the ones that I knew: TEAM CLEAN, my small group of reflection, other made friendships, my great tribute for everything what they had taught to me and the chance to establish friendship bows!

Aller à Taizé signifie partir à la rencontre de réponses et de recueillement. Malgré de ceux-ci deêtre objectifs primordiaux, j'ai eu la chance de créer des lacets d'amitié, partager des avis et traditions dont avec ils moi ont vécu cette semaine. Au groupe d'amis portugais qui avec moi ont voyagé mien beaucoup débiteur ; à tous ce que j'ai connu: TEAM CLEAN, mon petit groupe de réflexion, autres amitiés faites, mes grand hommages par tout ce qui me ont enseigné et par l'occasion d'deétablir des lacets d’amitié!


Gehen die Taizé Mittel, zur Sitzung von Antworten zu gehen und zu sammeln. Trotz dieser, die die ursprünglichen Zielsetzungen sind, hatte ich das Glück, Freundschaftbögen, zum Anteil der Meinungen zu verursachen und Traditionen von dem mit mir hatten sie diese Woche gelebt. Zur Gruppe der portugiesischen Freunde, die mit mir gereiste verbundene Grube sehr hatten; zu allen, die ich wußte: Die SAUBERE MANNSCHAFT, meine kleine Gruppe der Reflexion, andere bildete Freundschaften, meinen großen Tribut für alles, was sie mir und der Wahrscheinlichkeit, Freundschaftbögen herzustellen unterrichtet hatten!

Para ir los medios de Taizé de irse a la reunión de respuestas y de recoger. A pesar de éstos que eran objetivos primordiales, tenía la suerte de crear arcos de la amistad, a la parte de las opiniones y las tradiciones de eso con mí habían vivido esta semana. Al grupo de los amigos portuguéss que con mí tenían mina obligada viajada muy; todos los que sabía: El EQUIPO LIMPIO, mi grupo pequeño de la reflexión, otra hizo las amistades, mi gran tributo para todo qué él había enseñado yo y a la ocasión establecer arcos de la amistad!

28 março 2007

Quem é Jesus


Saber quem é Jesus não será, com certeza, um obstáculo muito difícil. O mais complexo é conseguir conhecê-lo criando um relacionamento que ultrapassa o mero conhecimento. Se recorrermos aos Evangelhos, podemos saber quem é Jesus e quais as maravilhas que fez. Porém, para aprofundar este conhecimento, é necessário entrar num diálogo com Ele, um desafio que não é fácil.
É nesta perspectiva que se encontram as duas grandes capacidades de compreender: a fé e a razão. São, efectivamente, estas capacidades que determinam o relacionamento de cada pessoa com Jesus, pois tanto a fé e a razão são uma exigência de grande importância para este contacto entre o eu e o Outro.
Jesus, em poucas palavras, é a face humana de Deus. É um homem que apesar de ser divino, quis assumir a realidade humana para que nós, homens, pudéssemos assumir a realidade divina, entrar em contacto com Ele, ouvindo o anúncio do Reino, experimentando a sua bondade para com todos os homens e, fundamentalmente, sermos o reflexo de Deus de misericórdia para todos os homens.
Contudo, Jesus veio mostrar igualmente até onde chegam as contradições humanas, permitindo que O humilhassem e matassem de uma maneira tão brutal. Porém, foi com a consciência do seu pecado que o homem descobriu que Jesus era, verdadeiramente filho de Deus e, sendo de condição divina, venceu a morte ressuscitando ao ter terceiro dia.
O Filho de Deus anunciou ao Homem que a felicidade não está na riqueza, na gula ou no prazer, mas sim na pobreza, na humildade, no desapego e no arrependimento. Tornou-o visível durante a Sua vida terrena: nasce num estábulo; cresce numa casa sem qualquer luxo; trabalha com S. José para conseguir dinheiro para o sustento da família; de Nazaré e na sua vida adulta vai de terra em terra sem ter onde comer nem onde declinar a cabeça.
Apesar da sua condição divina, durante a sua vida, assume atitudes completamente humanas, isto é, mostra a fúria no templo quando desvirtuam a sua função sagrada, chora e pede que seu Pai lhe afaste o cálice e o peso da cruz, sofre durante toda a sua paixão e morre naturalmente como um ser humano, desprezado e abandonado por todos.
Ao conhecer-se Jesus como ser humano pode-se, sem dúvida, perceber que apesar de ser homem, Ele é de condição divina, demonstrando-a nos milagres, nos gestos de acolher e perdoar os pecadores, na sua vitória sobre a morte e, finalmente na sua ascensão ao céu para junto de Seu e nosso Pai, indicando-nos que é por lá que nós peregrinamos.
É o Jesus, Filho de Deus, que nós homens adoramos e com Ele partilhamos a nossa vida. Jesus, Filho de Deus vivo é, evidentemente, o Jesus da Eucaristia que podemos encontrar no silêncio do sacrário e comungar o seu corpo e sangue na celebração da missa. É ele que dá ao homem a força necessária para enfrentar o dia-a-dia; é Ele que orienta a humanidade para a harmonia e a comunhão fraterna. Assim, não tenhamos medo porque o limite do amor de Deus é o amor sem limites, porque está sempre connosco até ao fim dos tempos.
A fé é muito importante para compreender Jesus e o mistério da Sua vida e, consequentemente, é necessário redescobrir no silêncio a Sua presença actuante. Enfim, temos que ter esperança e uma paciência escatológica para vivermos tempos favoráveis, tal como Jesus teve que esperar, sofrendo, para alcançar a vitória: “A Primavera virá depois do Inverno, a Ressurreição vira depois da Cruz”. Por isso não tenhamos medo porque a vitória do amor, da felicidade, da esperança, da misericórdia e da reconciliação são o fruto do sacrifício de quem esperar e adivinhar um novo Céu e uma nova Terra.

21 março 2007

J.S. Bach - Toccata und Fuge BWV 565

Johann Sebastian Bach


Johann Sebastian Bach nasceu em 1685 em Eisnach, uma pequena cidade da Turíngia, na Alemanha. Naquela época, a Alemanha não era um país, mas uma reunião de pequenas cidades, condados, ducados e principados, cada um deles com um governo próprio. Mais jovem de oito filhos de pais músicos, Johann Sebastian Bach foi destinado a se tornar um músico, ao mesmo tempo que desenvolvia estudos elementares. Johann principiou seus estudos musicais com seu pai, Ambrosius. Ainda jovem, tinha dominado o órgão e o violino, e também era um cantor excelente.Ficou órfão aos dez anos, indo morar com um irmão mais velho Johann Christoph, que continuou seu treinamento musical. Sempre foi interessado em aprender cada vez mais, o pequeno Sebastian não poupava esforços para decifrar os segredos da arte musical. Para aperfeiçoar seu conhecimento, Bach precisava de um livro que o irmão guardava a sete chaves. Argumentou o quanto pode, mas o irmão permaneceu intransigente, proibindo Johann de utilizar seu livro. Para contornar o problema, ele resolveu copiar o livro à mão. Todas as noites, após todos se deitarem, Sebastian pegava o livro de música e varava madrugadas estudando.
Como não podia acender velas para não chamar a atenção do irmão, por muito tempo estudou tendo como única claridade a luz da lua. Esse esforço certamente contribuiu para os problemas de visão que o acometeriam mais tarde. Bach obteve o primeiro emprego no coro da escola de St. Michael em Lüneburg com a idade de quinze anos. Ele fez pequenas viagens, nunca deixando a Alemanha, e assegurou vários empregos durante sua carreira, em igrejas e a serviço das cortes ao longo do país. Em 1703 ele foi para Arnstadt para tomar posse do cargo de organista da igreja de St. Boniface, que se caracterizava pelo sóbrio ritual, pela profunda ligação com a língua alemã e sua música folclórica e, acima de tudo, pela autoritária e puritana atitude que mantinha em relação a seus adeptos.
Apesar da pouca idade, já era um mestre em seu ofício. Não precisava mais de mestres. Durante sua estada em Arnstadt, fez uma viagem a Lübeck (uma jornada de 200 milhas que ele fez a pé) para ouvir o grande organista Dietrich Buxtehude. Esta ausência motivada pela viagem, o fez perder o emprego em Arnstadt, e Bach foi obrigado achar um novo emprego em Mülhausen, em 1706. Todavia, problemas burocráticos acabam fazendo com que ele abandone o cargo. Entre esses problemas está ter introduzido no coral da Igreja Luterana da cidade uma jovem chamada Maria Bárbara, sua prima, com quem se casou em 1707. Ela lhe deu sete filhos durante os treze anos em que estiveram casados. Durante uma viagem do marido, Maria Bárbara subitamente adoece e morre.
Bach permaneceu em Mülhausen durante um ano apenas, antes de assumir um posto como organista e primeiro violino da orquestra na corte do Duque de Weimar. Dentro de um ano Bach casou-se novamente. A filha do trompetista da cidade, Anna Magdalena provaria ser uma excepcional companheira, de grande valor para o compositor. Ele tinha 36 anos e ela tinha 20 anos. A diferença de idade não impediu que eles formassem o mais perfeito casal que a história da música registra. Ao todo, o casal teve treze crianças (fora sete do primeiro casamento). Dez morreram na infância; quatro se tornaram compositores famosos, inclusive Carl Philipp Emanuel e Johann Christian. Anna-Madalena é a autora de um dos mais sinceros testemunhos de admiração por alguém, a " Crônica de Anna-Madalena ". Esse livro de memórias é, do início ao fim, um elogio à pessoa e ao gênio de Johann Sebastian Bach.
Durante a vida, não foi o compositor mais importante da Alemanha (essa posição quem a ocupava era Telemann), mas era conhecido como o maior organista e um virtuose no cravo e no violino. As formas e gêneros de sua arte eram, em geral, os da música italiana contemporânea, mas de genuína inspiração alemã e muitas vezes folclórica. Como dava pouca importância às modas musicais, suas composições, ao longo da vida, tornaram-se pouco conhecidas. Em uma época de predomínio da ópera italiana, género que não cultivou, sua música era um anacronismo que a nova geração de músicos já não compreendia. Tudo isso, aliado à decadência do espírito religioso em sua época, explica a pouca projecção de suas obras durante a vida.
A literatura alemã de seu tempo estava no seu ponto mais baixo. Daí a qualidade pobre dos textos que foram escritos para Bach os transformar em cantatas, textos esses que tentavam exprimir o amor místico ao coração de Jesus, culto que a Igreja luterana do século XVII ainda não tinha abandonado. As cantatas sacras de Bach têm textos bíblicos ou são baseadas nos hinos de igreja, embora algumas incluam, também, poesia. Referem-se ao Evangelho do domingo ou da festa, da ocasião especial como o casamento, o enterro, etc. Na maioria delas, a melodia coral é utilizada como um tema básico que unifica o trabalho. Suas cantatas seculares foram compostas para festividades públicas e privadas e usam textos mitológicos ou alegóricos.
Por obrigação de serviço, Bach compôs, durante anos, um grande número de peças sacras: bem mais de duzentas cantatas, vários motetos, cinco missas, três oratórios, e quatro paixões, uma das quais, A Paixão Segundo São Mateus, é uma obra-prima da música ocidental. Bach também escreveu grande quantidade de música para o instrumento preferido dele, o órgão. Bach, o maior músico do Protestantismo, não ficou limitado pela sua Igreja luterana, escreveu uma missa católica, a Missa em Si menor. Em 1717, Bach passou para outro posto, como Kapellmeister na corte do Príncipe Leopold em Cöthen. Durante os anos em que Bach esteve a serviço das cortes, lhe obrigaram a compor muita música instrumental: centenas de peças para solo de teclado, suites orquestrais de dança, trio sonatas para diversos instrumentos, e concertos para vários instrumentos e orquestra.
Destes, os mais famosos são o seis concerti grossi compostos para o Duque de Brandenburg em 1721, e o Concerto de Brandenburgo Nº 3 que exemplificam o estilo do concerto grosso, no qual um grupo pequeno de instrumentos (neste caso um conjunto pequeno de cordas, com uma orquestra de cordas e contínuo). Da música de Bach para instrumentos de solo, as seis Suites para Violoncelo e as Sonatas e Partitas para Violino Solo estão entre as maiores peças para esses instrumentos. A Partita Nº 3, para violino, contém um exemplo de uma forma de dança popular, a gavotte. Bach passou grande parte de sua vida alternando cargos de organista com o de " mestre-de-capela ", ou seja, responsável pela vida musical de algum principado.
Morou em diversas cidades alemãs: Mühlhausen (1707), Weimar (1708), Köthen (1717) Em seguida ao segundo matrimônio, Bach começou a procurar outro emprego, agora em Leipzig, onde se tornou organista e professor da igreja de St. Thomas. Ao final de 1749, Bach foi operado da vista por um cirurgião inglês ambulante, e os resultados catastróficos desta operação o levaram a cegueira completa. Com a saúde comprometida, não obstante, Bach continuou compondo ajudado por um aluno seu. Ele permaneceu em Leipzig o resto da vida dele, onde morreu no dia 28 de Julho de 1750. Foi enterrado num sepulcro sem marca na igreja de St. Thomas. Bach trouxe o majestoso estilo polifónico do Renascimento.
Em geral, foi um conservador musical, que alcançou alturas notáveis na arte da fuga, polifonia coral e música para órgão, como também em música instrumental e formas de dança. A aderência dele para as formas mais antigas o fez ganhar o apelido de " the old wig " (peruca velha) dado pelo seu filho, o compositor Carl Philip Emanuel Bach. Contudo, sua música permaneceu viva e estudada pela próxima geração de compositores. A descoberta da Paixão segundo São Mateus em 1829, por Felix Mendelssohn, iniciou o movimento por reavivar e executar a música instrumental mais antiga. Com a morte de Johann Sebastian Bach em 1750, os estudiosos de música marcam o fim da idade Barroca.

20 março 2007

O papel das religiões na paz mundial


Religião e paz sempre estiveram de mãos dadas. São dois campos que se interligam, se completam. Neste sentido a Sua Eminência Senhor Cardeal D. José Saraiva Martins, convidado pela Federação Nacional de Estudantes (FNET, proferiu uma conferência intitulada "O papel das religiões na paz mundial".
Com uma audiência de 500 pessoas o Senhor Cardeal centrou um objectivo primordial para todas as religiões, ou seja, a todas elas se pedem uma nova cultura da paz. Nesta linha, a Igreja Católica tem contribuído bastante para que este ponto funcione: promovendo a paz, possuindo documentos sobre a paz, instituiu o dia mundial da paz, realizou o encontro ecuménico de Assis...
Outras confissões têm feito a sua tentativa para que a chama da paz incendeie a sociedade, por vezes bombardeada pelos seus radicalistas que não percebem que nunca haverá paz se os direitos dos outros povos, mesmo vulneráveis, não forem respeitados.
A actualidade revela um panorama bastante difícil para a sobrevivência de um ambiente pacífico no mundo. O relativismo radical que se vive resulta de um estar extinto de valores, cheio de ofensas, a certeza converte-se em indiferença, ignora-se a dignidade humana.
Ao analisar os séculos XX/XXI, a história da humanidade está envolvida pela nuvem do terrorismo dividida especialmente em 4 grandes partes, 4 enormes guerras. As duas primeiras de "estilo clássico" são a 1º guerra mundial em 1914 e a 2º no ano de 1939. Seguidamente gerou-se a guerra do medo, da ameaça, do silêncio que se pode considerar como a 3º grande guerra, por outras palavras, a guerra fria a partir de 1945 entre os Estados Unidos da América e a URSS, actual Rússia. O século XXI vive a 4º grande guerra; a guerra que o homem tenta conquistar fins sem olhar a meios.
Ouve-se cada vez mais afirmações em que se tenta legitimar o terrorismo; definitivamente, um acto terrorista não é uma via ideal para restabelecer a justiça e a paz, isto porque existem violações de direitos humanos e mortes de inocentes. É necessário interrogamo-nos se a guerra é a melhor resposta à paz mundial. Não podemos reflectir e concluir à priori,mas sim que verifiquemos os resultados desastrosos que a guerra teve ao longo da história. São vários os tipos de guerra que envolvem a sociedade: o choque de civilizações e culturas na qual a desigualdade e a servidão são os pontos fortes, pois os direitos humanos são dados apenas a algumas camadas sociais; a guerra preventiva domina cada vez mais esta aldeia global em que o poder nuclear substitui o diálogo; a guerra apoiada com a mentira da paz.
Neste panorama tão negro, as religiões devem assumir uma posição de modo a impedir que esta situação cresça. Contudo, cada confissão e/ou religião só poderá assumir um papel na paz mundial se se encontrar em paz interior. O Santo Padre Bento XVI tem-se pronunciado sobre o problema afirmando que "a pessoa humana é o coração da paz" e, deste modo, é necessária uma "ecologia humana" que transforme um ser humano corrompido, egocêntrico num novo homem, num instrumento da paz.
Neste sentido, o Sr. Cardeal ao findar a sua conferência apontou um caminho, em forma de decálogo, que eu subscrevo como conclusão de todo este texto:
"1. As religiões devem rezar a paz; libertar o coração do mal; saber amar; a paz é um bem do alto que todo o homem deve pedir.
2. As religiões devem empenhar-se em favor da paz acusando a violência e aprendendo a conviver juntas.
3. Os crentes são chamados a promover a educação para a paz, ensinar para a paz.
4. As religiões preocupem-se em preparar homens e mulheres para velarem pela paz.
5. Todo o homem deve basear-se na verdade, na liberdade, na justiça e no amor.
6. As religiões não se devem converter em partidos políticos.
7. As religiões não podem ignorar, é preciso promover a justiça e o desenvolvimento. A terra é de todos antes de ser de cada um dos habitantes.
8. As religiões devem promover a cultura da paz, a cultura do diálogo.
9. As religiões são chamadas a promover diálogos para resolver problemas, a criar iniciativas.
10. As religiões devem estar plenamente convencidas que a sua função deve ser decisiva para a sociedade actual."

19 março 2007


"Cada criança que nasce no mundo, traz consigo a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança no homem." (Autor desconhecido)

18 março 2007


Soren Kierkegaard escreveu com uma eficácia singular: “Em Cristo, os dois mundos desde sempre separados, o divino e o humano, entraram em rota de colisão. Uma colisão destinada não a provocar explosão, mas um abraço”. É esta a novidade do cristianismo com a sua Boa Nova e que é esta: Deus procura o homem!
Evidentemente que é nesta procura que está saliente a relação entre diversos campos do imenso oceano teológico. Durante toda a existência humana, diversas questões fundamentais apareceram: Quem é o homem? Que é homem?
A antropologia continuamente procura resposta para estas interrogações complexas. Contudo, o homem tem sempre inteligência para revelar algumas soluções para as mais complicadas perguntas. Mas, após descobrirem algumas respostas descobrem um enorme novelo de interrogações, o qual dificilmente se obtém resposta exacta: relação entre Deus-Homem, tanto à escala individual como à escala social. Neste mar de questões se encontram grandes aspectos da teologia como o pecado, a justificação, a graça e a consumação. Poderemos chegar a uma conclusão? Sim: a vocação humana é ser imagem de Deus em Cristo, tal como dizia Ludwing Wittgenstein: “Pensar sobre o sentido da vida é rezar. O sentido da vida podemos designá-lo Deus”.
Fiodor Dostoievski ao escrever a Natália Fonzivina exprimia-se destes modos: “…se acaso alguém demonstrasse que, efectivamente, a verdade não está em Cristo, mesmo assim eu preferia permanecer com Cristo do que com a verdade”. Cristo é, claramente, a verdade e a vida e, deste modo, o exemplo para cada homem. Com a graça de Cristo a humanidade é resgatado do pecado, sendo introduzida na santificação que activa o Espírito Santo.
Resumindo, o homem vai em liberdade fazer a sua salvação, mas atraído e dirigido pela acção de Deus em virtude da graça de Cristo.

15 março 2007

Taizé - Fonte de Espiritualidade



Taizé - Encontro Europeu em Zagreb (Croácia)

14 março 2007

I only ask of God



Só peço a Deus
Que não me deixe indiferente ao sofrimento
Que o deserto da morte não me encontre
Vazio e sem ter dado tudo o que tinha

Só peço a Deus
Que não me deixe indiferente às guerras
É um grande monstro que esmaga
A pobreza e a inocência das pessoas
É um grande monstro que esmaga
A pobreza e a inocência das pessoas

People...people, people

Só peço a Deus
Que não me deixe indiferente à justiça
Que não me batam na outra face
Depois de uma garra ter rasgado todo o meu corpo

Só peço a Deus
Que não me deixe indiferente às guerras
É um grande monstro que esmaga
A pobreza e a inocência das pessoas
É um grande monstro que esmaga
A pobreza e a inocência das pessoas

People...people, people

Solo le pido a Dios^
Que la guerra no me sea indiferente
Es un monstro grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente
Es un monstro grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente
People...people...people

Para ti, meu pai...



Tenho dificuldade em redigir!
Porquê? Terei alguma razão que o impeça?
Não! O problema é que o rio de tinta espalhado não ilustra o oceano do teu amor. Tentarei descer nete rio problemático para que me leve a desaguar nesse teu imenso oceano.
É para ti pai que me dirijo, tu que és parte da causa da minha existência. O amor que sentes pela mulher que encontraste na tua vida deu frutos que colheste com todo o teu carinho. Também a ti te agradeço minha mãe!
O dom da vida é o que de mais valioso o ser humano pode possuir; tu me concedeste este privilégio, me educaste para a responsabiloidade desta posse. Os teus sacrifícios, as tuas preocupações são autênticos gestos de amor para comigo. Ao longo dos anos incentivaste-me a enfrentar a vida com confiança, com verdade e, sobretudo, na simplicidade.
Partilhamos tristezas e alegrias, prespectivamos futuros, vivemos cada dia como se fosse o último! Não só o sangue me liga a ti, mais importante é o amor que nutrimos e nos fortalece. A minha vida tenho que te agradecer, a minha vida é a tua realização pessoal, é o resultado de muitos anos de paciência, de escuta e de aconselhamento. Espero nunca te desiludir porque é a última coisa que mereces. O amor retribuisse com amor.
Sei que não consigo agradecer-te em miseras palavras, mas não posso deixar de registar que o meu maior orgulho é, sem dúvida, seres meu Pai!

13 março 2007

Uma pequena homenagem...


Amizade, o que significa?
São muitas as definições que encontro; são muitas as frases bonitas, mas essa beleza n a define.
A definição descobri-a em ti! A tua presença, o teu diálogo são a pura definição de amizade que eu consigo descobrir. Será que serei a tua definição de amizade? Receio que não! Penso não ter capacidade e testemunho para tal missão. Mas possuir a tua, é a força que impele a tornar-me um exemplo vivo de amizade que se interpela na tua caminhada vivencial.
Os nossos caminhos se cruzaram no início das páginas dos livros das nossas vidas. Foi um encontro que não ficou retido no passado, mas está constantemente presente. A inocência que tinhamos nos dias em que nos conhecemos constituiu terreno fértil para que a planta da nossa amizade crecesse vigorosamente e que dá, presentemente, abundantes frutos. O espaço separa-nos mas no pensamento encontramo-nos ligados mutuamente; só o sangue nos impede de ter o título de irmão, mas o espírito supera este obstáculo e deixa-me ter-te como irmã espiritual.
Os anos passaram, a tua confiança conquistei, partilhamos segredos, vivemos alegrias, superamos tristezas; na batalha da vida somos espada e escudo.
Observo-te, discretamente, orgulhoso por ver-te a dar testemunho de vida, aos que te rodeiam, que vai para além da grande maioria da sociedade. Os teus juízos não são condenáveis, são sinais de confiança e de carinho.
Por mais palavras que escreva serão sempre poucas para te agradecer tudo que tens feito por mim e pela honra de te ter como amiga. Posso apenas te dizer: Obrigado pela tua amizade!

Por ti...

VOAR

Não fiques na praia;
Com o barco amarrado, com medo do mar!!
Tudo aqui é miragem;
Mas na outra margem, alguém a esperar!!

Como a onda que morre, sozinha na praia.
Não fiques brincando,
No mar confiante; ensina o teu canto
De ave voando!!

Voa bem mais alto,
Livre sem alforje
Sem prata nem ouro.
Amando este mundo;
Esta vida que é campo,
Que esconde um tesouro!!
Ninguém te ensinou;
Mas no fundo tu sentes; asas p’ra voar!!
Nem que o céu se tolde
E as nuvens impeçam; tu não vais parar!!

Há gente vivendo,
Tranquila e contente; como eu já vivi!!
És águia diferente;
Céu azul cinzento; foi feito p’ra ti!!

Eutanásia


A «cultura da morte» que se faz sentir na sociedade actual:
Têm-se verificado na nossa sociedade todo um conjunto de fenómenos e factos, que são considerados como sintomas preocupantes de uma alteração cultural, ao mesmo tempo que anunciam uma crise de civilização, não apenas no campo económico, social e político, mas também nos campos moral e ético. Alerta-nos para isso mesmo o Papa João Paulo II na carta encíclica Evangelium Vitae quando se refere à «cultura da morte» que se faz sentir no meio da sociedade hodierna.
Encontramo-nos hoje no meio de uma luta dramática entre a «cultura da morte» e a «cultura da vida». Todos estamos implicados e tomamos parte neste conflito, sendo necessário, digo mesmo exigindo-se, uma decisão fundamental em favor da vida, (cf. E.V. nº 28). Esta «cultura da morte» não se vê apenas no fim da existência humana, mas passa também pela perda de valores e critérios, morais e éticos, que deveriam fundamentar e incentivar o ser humano a buscar um sentido mais pleno para a sua existência.
Se calhar, por sabermos que somos seres finitos e limitados é que tomamos algumas atitudes efémeras que contribuem e alimentam esta mesma cultura; refiro-me à busca desenfreada do prazer hedonista, a procura de uma sexualidade virada apenas para o seu âmbito genital, o consumismo, em que o ter toma o lugar do ser e nós voltamo-nos única e exclusivamente para o nosso umbigo, provocando uma cultura anti-solidária, (cf. E.V. nº 12). E, por vezes, quando se pensa que estamos a ser altruístas e solidários com alguma pessoa, seja ela um nascituro ou um doente terminal, ao suprimir-lhes a vida, não estamos se não mata-los. Se porventura, alguém incomoda o nosso bem-estar com a sua enfermidade, deficiência ou apenas pela sua presença, é logo tida como um inimigo a eliminar, (cf. E.V. nº 12).
Há na nossa sociedade grupos e seitas que encontram a sua essência em práticas opostas à lei da vida. Quero com isto dizer que todos sabemos da existência de seitas satânicas e não só, que matam pessoas para fazerem determinados rituais.
Vivemos numa sociedade de barulhos em que as pessoas andam sempre a olhar para os relógios, a ver distâncias, a marcar coisas nas agendas e deixam-se alienar por este corridinho. Vivemos no imediato das situações e não reflectimos nos problemas que nos assolam; perdemos o sentido de Deus e do próprio homem.
Todo este drama é provocado no homem contemporâneo “pelo eclipse do sentido de Deus e do homem” (E.V. nº 21). Isto passa-se não apenas na consciência individual de cada homem, mas também na consciência moral da sociedade porque ela é responsável e porque permite comportamentos contrários à vida, alimentando a «cultura da morte» com as ditas estruturas de pecado estabelecendo uma confusão entre o que é o bem e o que é o mal, (cf. E.V. nº 24).
No entanto e apesar de tudo o que se disse acima há uma evidência que é impossível de negar ao ser humano; é a de que todo o homem é mortal, finito, limitado e “toda a luz que se possa fazer sobre o enigma da morte é insuficiente para pensar e organizar um mundo com sentido” . Perdeu-se hoje o sentido do sofrimento e do ser-se velho, daí que não admira que haja pessoas que queiram legalizar a eutanásia para pôr fim a essas situações.
A morte de uma pessoa deixou de ser algo social e de acontecer no meio da família; ela é vista agora como um acontecimento momentâneo; ou seja, “a solidariedade ocasionada noutros tempos por ocasião da morte, tem hoje a brevidade de um cumprimento formal” . É a «cultura da morte» em que vivemos.

TEMPO QUARESMAL
A festa é parte integrante da vida humana. Aniversários, comemorações temáticas, celebrações religiosas, entre outros. A preparação é a etapa fulcral para o êxito da mesma, pois é a partir dos preparativos que a festa terá o seu sentido. Este tempo litúrgico proporciona a cada cristão condições favoráveis para uma reflexão como forma de participarmos na festa Pascal da melhor forma, de espírito purificado.
Na sociedade actual qualquer acontecimento, previsível, é antecedido por um enorme reboliço que é “significado” de preparativo para tal evento. Silêncio, reflexão, oração e sacrifícios são palavras vazias de significado para grande parte da humanidade. A fórmula actual da pré-festividade utilizada pelo meio social é o trabalho, o stress e o materialismo. A preparação começa, deste modo, envolvida em consumismo e vazia de espírito.
A Igreja está em tempo de reflexão, esta na Quaresma! Saberemos o significado deste vocábulo? Saberemos viver e/ou agir neste tempo litúrgico? Porquê a sua existência? Obrigação? Proposta e ajuda? São diversas as questões que se expõem à mente humana, facilmente resolvidas após uma reflexão atenta e séria.
Fundamentalmente, a Quaresma é a preparação para a maior celebração de todas as celebrações, a Páscoa da Ressurreição. Quaresmar não é apenas algo interno e individual, mas também externo e social; não é um individualizar ou fechar-se em si mesmo, a pessoa quaresmal deve ser um espelho que reflicta a serenidade e a seriedade do espírito deste tempo. A Igreja faz recordar e reflectir nesta ocasião todos os grandes acontecimentos da história da salvação de forma a analisarmos todos os sacrifícios, toda a penitência, toda a oração e toda a obediência que os antepassados tinham por Deus. Deste modo, a Igreja não é fonte de obrigações, pelo contrário, jorra propostas, aponta caminhos e, sobretudo, um guia da humanidade até Cristo, Filho de Deus Vivo: Per Ecclesia ad Iesum!
Viver a Quaresma não é uma obrigação, é um dever que cada cristão tem para testemunhar a ressurreição de Cristo de forma transparente.
A Igreja está ao serviço do Homem (Cf. Gaudium et Spes 1); este é o tempo por excelência de conversão interior. Saibamos aproveitar este tempo de deserto, de silêncio e de penitência.