Saber quem é Jesus não será, com certeza, um obstáculo muito difícil. O mais complexo é conseguir conhecê-lo criando um relacionamento que ultrapassa o mero conhecimento. Se recorrermos aos Evangelhos, podemos saber quem é Jesus e quais as maravilhas que fez. Porém, para aprofundar este conhecimento, é necessário entrar num diálogo com Ele, um desafio que não é fácil.
É nesta perspectiva que se encontram as duas grandes capacidades de compreender: a fé e a razão. São, efectivamente, estas capacidades que determinam o relacionamento de cada pessoa com Jesus, pois tanto a fé e a razão são uma exigência de grande importância para este contacto entre o eu e o Outro.
Jesus, em poucas palavras, é a face humana de Deus. É um homem que apesar de ser divino, quis assumir a realidade humana para que nós, homens, pudéssemos assumir a realidade divina, entrar em contacto com Ele, ouvindo o anúncio do Reino, experimentando a sua bondade para com todos os homens e, fundamentalmente, sermos o reflexo de Deus de misericórdia para todos os homens.
Contudo, Jesus veio mostrar igualmente até onde chegam as contradições humanas, permitindo que O humilhassem e matassem de uma maneira tão brutal. Porém, foi com a consciência do seu pecado que o homem descobriu que Jesus era, verdadeiramente filho de Deus e, sendo de condição divina, venceu a morte ressuscitando ao ter terceiro dia.
O Filho de Deus anunciou ao Homem que a felicidade não está na riqueza, na gula ou no prazer, mas sim na pobreza, na humildade, no desapego e no arrependimento. Tornou-o visível durante a Sua vida terrena: nasce num estábulo; cresce numa casa sem qualquer luxo; trabalha com S. José para conseguir dinheiro para o sustento da família; de Nazaré e na sua vida adulta vai de terra em terra sem ter onde comer nem onde declinar a cabeça.
Apesar da sua condição divina, durante a sua vida, assume atitudes completamente humanas, isto é, mostra a fúria no templo quando desvirtuam a sua função sagrada, chora e pede que seu Pai lhe afaste o cálice e o peso da cruz, sofre durante toda a sua paixão e morre naturalmente como um ser humano, desprezado e abandonado por todos.
Ao conhecer-se Jesus como ser humano pode-se, sem dúvida, perceber que apesar de ser homem, Ele é de condição divina, demonstrando-a nos milagres, nos gestos de acolher e perdoar os pecadores, na sua vitória sobre a morte e, finalmente na sua ascensão ao céu para junto de Seu e nosso Pai, indicando-nos que é por lá que nós peregrinamos.
É o Jesus, Filho de Deus, que nós homens adoramos e com Ele partilhamos a nossa vida. Jesus, Filho de Deus vivo é, evidentemente, o Jesus da Eucaristia que podemos encontrar no silêncio do sacrário e comungar o seu corpo e sangue na celebração da missa. É ele que dá ao homem a força necessária para enfrentar o dia-a-dia; é Ele que orienta a humanidade para a harmonia e a comunhão fraterna. Assim, não tenhamos medo porque o limite do amor de Deus é o amor sem limites, porque está sempre connosco até ao fim dos tempos.
A fé é muito importante para compreender Jesus e o mistério da Sua vida e, consequentemente, é necessário redescobrir no silêncio a Sua presença actuante. Enfim, temos que ter esperança e uma paciência escatológica para vivermos tempos favoráveis, tal como Jesus teve que esperar, sofrendo, para alcançar a vitória: “A Primavera virá depois do Inverno, a Ressurreição vira depois da Cruz”. Por isso não tenhamos medo porque a vitória do amor, da felicidade, da esperança, da misericórdia e da reconciliação são o fruto do sacrifício de quem esperar e adivinhar um novo Céu e uma nova Terra.
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